Obras

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sexta-feira, 17 de julho de 2020

DE ALIENISMO EU ENTENDO

Na semana passada você "leu" meu silêncio e certamente captou o sentimento que me toma pela imagem publicada. Não é só tristeza pelo que estão fazendo com o país e no país, é nojo também. Foi um breve período no modo silencioso, introspectivo, observador. Vejo, de um lado, um governo mal intencionado na nascente e em toda a sua extensão, irresponsável e, em certa medida, genocida. Quem manda de verdade são os psicopatas da "ala ideológica", com a conivência catatônica da inconveniente e impertinente "ala militar". Ambas transformaram o país na esbórnia que aí está por inépcia e ineptidão no comando de uma nação. Ambas ignoram as leis, esmagam a democracia, asfixiam a cidadania, queimam a ética. Enfim, ambas se irmanam na parceira das iniquidades, ilegalidades e outras aberrações. Quando todos são alienados, e disso eu entendo, a coisa não vai nada bem. Eu já sabia que seria assim, e avisei a alguns bem próximos, mas não quiseram me ouvir. Paciência. Não sei se me ouvem agora.


Genocida? Exagero? Quer esclarecimentos eu doou. Entre os itens do artigo 6 do Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional, que trata de genocídio, lê-se: "Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física, total ou parcial". Da mesma forma, diz o artigo 208 do Código Penal Militar Brasileiro: "Matar membros de um grupo nacional, étnico, religioso ou pertencente a uma determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial desse grupo." A semelhança na redação não é coincidência.

Se você acha que não havia razão para trazer essa definição, pergunte aos indígenas, aos pobres, aos pretos, aos desvalidos. Pergunte àqueles que perderam seus entes por desassistência social. Pergunte aos que não não foram salvos por falta de equipamento devido às falcatruas administrativas. Sim, vamos todos morrer um dia, mas não precisa ser de uma vez e pelo mesmo mal. Releia as definições. Insisto, para que fique marcado, a história vai julgar e cobrar os responsáveis pelo que estamos passando. Não se descura centenas de milhares de vidas impunemente, a fatura virá. Cada país arcará com seu ônus e cada governante responderá pelas suas ações - ou omissão. Quem viver verá.

De alienados eu entendo bem, estive rodeado deles por anos, uma trupe de lunáticos, misticóides, mistificadores e, como em todo lugar, patifes. Reconheço-os só de olhar, e quando abrem a boca, acerto na mosca. Da turma do governo não errei nenhum, seja de farda, gravata ou saia. Quer exemplos eu dou. Quando um ministro aparece vestido de astronauta em cerimônia oficial, alguém está fora de órbita. Quando a Educação troca quatro nomes em um ano e meio, é porque falta educação no país. E o que chegou agora, indicado pela ala ideológica, já pela primeira fala antes da posse aposto que não vai longe. Foi abrir a boca e detectei mais um. Não sei se me entendeu. Seja qual for a pasta, são todos da mesma laia.

Quando o ministério da Saúde é comandado por um interventor leigo e omisso metido a doutor, que nem teve a hombridade de declinar do cargo por notória incompetência, então, definitivamente, há algo de podre nesse reino que não é o da Dinamarca. Sim, o país está doente, paralisado em berço esplêndido desafiando o nosso peito à própria morte. De verdade, o que falta a essa gente frouxa e pequena, de farda, de gravata e de saia, é vergonha na cara. Agora você entendeu. Quando todos demonstram analfabetismo, funcional ou não, não há conserto possível.

Conheço bem os alienados. De todo tipo. Há os ingênuos, que não causam mal algum e vivem em seu quadradinho de inocência. Existem os fanáticos exaltados, que pregam suas convicções mais tresloucadas e teorias paranoicas mofadas. E há os perigosos, virulentos, que contaminam os não imunizados. Conheço todos, de longe. O governo está lotado destes, de farda, gravata e saia. Os demais se espraiam por aí. De alienismo eu entendo. Alienismo: "Distúrbio mental caracterizado pela incapacidade de pensar e agir conforme a razão, dificultando o convívio social." A tendência é o agravamento gradual em direção à insanidade, demência e loucura. Em outras palavras, os alienados vivem em um mundo paralelo, à parte, totalmente desconectado da realidade, por isso fora do eixo, do mundo real. Alguém duvida que muitos integrantes dos governos mundo afora se encaixam nessa descrição?


Tecnicamente, alienação "é o estado mental consequente a uma doença psíquica em que ocorre a deterioração dos processos cognitivosde caráter transitório ou permanente, de tal forma que o sujeito é incapaz de gerir sua vida socialmostrando-se inteiramente dependente de terceiros no que diz respeito às responsabilidades exigidas pelas regras da convivência em sociedade. O alienado pode representar risco para si e para terceiros". Mais claro impossível, mais adequado idem. O itálico é meu, e a definição é do Núcleo Especial do Ministério da Saúde, que é justamente quem deveria prestar mais atenção em quem o dirige, e aos demais cargos da República. Poucos se salvam. Quero notar o fato de que, se o alienado estiver cercado de outros como ele, o desastre é inevitável. O que se vê no país e no mundo confirma a tese.

Há, ainda, uma quarta categoria, intermediária e mais perigosa, a dos imbecis propriamente dito. São aqueles que, em nome de uma ideologia, doutrina ou seita, assumem devoção extremada em rota de colisão com o pacto civilizatório. Destes, há centenas dentro do governo e milhares fora, em total desrespeito às leis, às normas institucionais e ao bom senso. Quer exemplos eu dou. Magistrado que abranda pena de foragido por razões "humanitárias" é um despropósito e contrário à lei penal; advogado que pede habeas corpus coletivo demonstra ignorância de ofício, feitiçaria jurídica ou má fé; general que faz ameaça explícita contra uma ordem judicial legal revela evidente más intenções, ou ignorância da lei, o que é comum; ministro que prevarica e estimula atos antidemocráticos é passível de prisão por improbidade e falta de decoro.


Quando o chefe de uma nação é aparvalhado e tosco, quando adota discurso de ódio, racista, preconceituoso, misógino e homofóbico, quando mostra desrespeito pela ciência, desorientação política, envolvimento com ilicitudes, descontrole emocional, incontinência verbal chula e comete grosserias diplomáticas, obviamente não tem estatura moral e estrutura mental em condições sequer para pedalar uma bicicleta ergométrica, quanto mais conduzir uma nação. Obviamente, também, claro, a espiral hierárquica segue o mesmo padrão, e aí o tal país fica ingovernável. A primeira lição para se avaliar a inteligência de um governante é atentar para os homens que o cercam. Esse é um conselho antigo de quem tinha grande intimidade com o poder e sabia o que dizia - Machiavelli. A alienação pode ser tratada, mas o imbecilismo não tem cura.


A estupidez não se restringe aos gabinetes oficiais, à farda, à gravata ou à saia, nem é exclusiva de um único país. Também não está confinada a esta ou aquela camada da população. Não senhor. Da meretriz ao juiz, todos são partícipes da esculhambação transnacional. Doutores saídos das melhores escolas estão rasgando o verbo e jogando no lixo a boa formação com retórica e atitudes deploráveis. A barbárie tem diploma sim senhor. Ela está nas ruas, nos atos de violência, vandalismo, boçalidade, arruaça e provocação, sob o olhar sempre complacente das autoridades, desde que o gesto esteja afinado com seus interesses. O país que se dane. Cumprem à risca a célebre máxima "Aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei". É a canalhice sórdida ocupando a mesma praça num abraço repugnante. As redes sociais e boa parte da mídia protagonizam papéis sujos em uma peça doentia escrita por um insano, em um cenário carcomido de um teatro em ruínas. E a plateia se divide entre o aplauso dos dementes e o apupo dos decentes. Não sei você, mas de alienados eu entendo bem.

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