carlosalbertoreis51@gmail.com
Lembra quando eu disse semanas atrás que, caso esteja
em dúvida sobre qual caminho escolher - fantasia ou realidade, você deveria
perguntar ao gato de Alice? Você sabe qual foi a pergunta que ela fez e o
que o gato respondeu? Sêneca disse a mesma coisa com outras palavras e o
recado é o mesmo. Já notou que você faz perguntas o tempo todo, todos os
dias, e não há gato algum para te responder? É claro que estou falando de
filosofia, que está presente em nossas vidas o tempo todo e em toda a parte. As
escolhas que fazemos não dizem quem somos, mas o que somos. Já pensou nisso?
Mas, e as crianças, mentes e personalidades em
formação, sujeitas a toda espécie de influências, exemplos, indicativos,
caprichos, regras e ditames, tentando ser elas mesmas sem, contudo, saber
exatamente qual o próximo passo? É preciso uma bússola bem calibrada apontando
o norte corretamente. Calma, não quero dar uma de educador, pedagogo,
professor, nada disso, minha bagagem se resume a quatro filhos e oito netos. O
que estou tentando dizer é que a nossa responsabilidade
na hora de ensinar certo é muito maior do que imaginamos. Ensino, do grego en signo, "deixar uma
marca para alguém". A boa cartilha recomenda que devemos ser um farol, expor os
prós e os contras das escolhas que têm a fazer, e deixar a critério delas o
voto final. Dito isso, vamos ao que interessa.
Você lembra também que usei mais recentemente a
história da filha do Rubem Alves como exemplo de uma mente bem encaminhada.
Suponho que, sendo filha de quem é, seu ambiente educacional e familiar
preparou sua consciência com a lucidez necessária para compreender certos
mistérios da vida. É óbvio também que ela era potencialmente apta a receber
tais ensinamentos. Não é a resposta o aspecto o que mais importa, mas o que
está além das palavras, a essência do pensamento, o fundamento filosófico do
que está em jogo.
Quantas crianças podem dar a mesma resposta, perceber
a sutileza da questão? Como estamos formando essa geração que está chegando?
Estamos preparados? Você se sente pronto a oferecer um caminho razoavelmente
iluminado a quem vem por aí? Seu capital filosófico dá conta dos desafios que
te esperam a cada amanhecer? Reparou quantas perguntas só neste
parágrafo?
E o que você acha que estou tentando mostrar neste
blog? Chegamos ao ponto.
Ao longo destes meses, a cada semana, me esforço para
trazer um conteúdo de qualidade, novos campos de reflexão, autores, obras,
estudos e ensaios que ampliem os horizontes do conhecimento para balizar seus
questionamentos. Aqui desfilam nomes consagrados em quase todas as áreas, e para
quê? Para que você se abasteça com o que há de melhor, para refletir com
sabedoria, achar seu caminho sem precisar consultar o gato de Alice. Estou
praticamente te levando pela mão, portando um candeeiro.
Não me julgue pretensioso e arrogante, dono da verdade. Não sou. Posso estar errado e não tem nenhum problema reconhecer isso quando e se for o caso, mas não nego que me
sinto absolutamente confiante do que estou fazendo. Não tenho mais tempo a
perder com tentativa e erro. De onde vem tanta segurança? Dado o polimento
permanente nas lentes, o ajuste fino e a precisão dos
instrumentos, a excelência da companhia e com a rota seguindo o mapa, a chance
de naufrágio é quase zero.
Eu te levo pela mão, mas você pode soltá-la quando bem quiser.
Eu te levo pela mão, mas você pode soltá-la quando bem quiser.
Vejo a Filosofia como o eixo central por onde orbitam todas as outras matérias; ela é a cellula mater, o mais belo e puro pensamento que o
homem foi capaz de produzir, razão pela qual tem sido a minha bússola, e penso
que possa ser a sua também. Filia
Sofia, do grego - amor pela verdade, paixão pelo saber. John
Locke, filósofo inglês do século XVII, defendia assim esse princípio: "Um
sinal infalível de amor à verdade é não considerar nenhuma proposição com
convicção maior do que a autorizada pelas provas que a fundamenta." O título é referência
a antigo provérbio português: “Candeia [ou candeeiro] que vai
adiante alumia duas vezes; o caminho de quem a segura e o de quem vem atrás”. Semana que vem vamos filosofar mais um pouco.
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LOCKE, John. Ensaio sobre o Entendimento Humano. Martins Fontes, 2012
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LOCKE, John. Ensaio sobre o Entendimento Humano. Martins Fontes, 2012
Adorei a explanação!
ResponderExcluirA filosofia é sensata e nos leva ao encontro do saber. Fazendo-nos desejar a busca do bem, do bom e do belo.
Este comentário foi removido pelo autor.
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