Na noite de
lançamento de Naus, um
amigo que não via há muito apareceu por lá, mais pela amizade que pelo
interesse no tema. A certa hora, ele me perguntou se valeu a pena dedicar
tantos anos a um assunto que agora eu 'não acreditava' mais: - Não foi perda de
tempo? Dúvida natural, a amizade é relativamente recente e o que ele sabe
do assunto vem da imprensa, ou seja, nada. Me pergunto se outros não
querem fazer o mesmo questionamento.
No final dos
anos 70 realmente senti vontade de parar com o estudo; havia poucos eventos e
poucos amigos que pudessem conversar seriamente. O assunto sempre foi
motivo de piada, deboche, escárnio, uma situação incômoda e constrangedora. Me
afastei por alguns meses até que um congresso em São Paulo me animou e me
trouxe de volta à cena. Fiz novos amigos, a coisa engrenou e decidi assumir o
desafio de pesquisar com seriedade e acabar com as chacotas, exercendo e
aprimorando o espírito crítico.
No início dos
anos 90, com mais rodagem e por isso mesmo mais decepcionado, resolvi me
afastar em definitivo das pesquisas de campo. Passei a observar à distância o
canto da sereia e percebi que poderia prosseguir desde que mudasse meu foco e
tomasse outra direção, que aliás já vinha mesmo se desenhando. A partir daí
você conhece a história. Quanto a "não acreditar no assunto", a
questão foi mal formulada, mas entendi o sentido: "assunto" queria
dizer "disco voador".
Então, vem
comigo.
Não se trata de
acreditar ou não acreditar, mas de saber o
que pesquisar e como. Em
si mesma a Ufologia não tem nada para ser estudado - nada! - daí parte da minha decepção. Pegando um chiste
bem popular, "se murar vira hospício, se cobrir vira circo", e
realmente, se não tomar certas precauções, o risco de insanidade é alto e
prognostica um potencial estado demencial. Há tempos adjetivamos a ufologia
como a nau dos insensatos, um manicômio a céu aberto. Uma nação de patetas.
Entenda, de uma
vez por todas: Ufologia não é matéria de nada, não é ciência, não é doutrina,
não é religião, não é seita, é um sofisma barato que ainda funciona, fazedo dela o que
lhes convém fazer em proveito próprio. Um hobby, passatempo de fim de semana,
papo de boteco, embora alguns aufiram lucros de modo um tanto suspeito. Por
extensão, ufólogo também não é profissão, não está na academia, mão tem
sindicato, carteirinha ou diploma e não paga imposto; mesmo não tendo o objeto
da pesquisa, está tão viciado e tão empostado pelo habitus do
'ofício' que já nem sabe mais o que está fazendo lá, sem se constranger nem
enrubescer com a exposição pública de sua mais absoluta inutilidade. Mas, se não atuar nesse palco, continuará um obscuro professor, um reles bancário, um funcionário público mediano e descartável. Em outras palavras, ele precisa que alguém chancele seu 'status' de ufólogo como atestado sua existência social.
Fato é que a
Ufologia não passa de um festival de absurdos, um mercado persa de relatos
delirantes, uma mixórdia de teorias fantasiosas, ideias esdrúxulas e
devaneios, sem contar as sandices, as paranoias, as cretinices, a psicopatia, o
charlatanismo e a pajelança. Um verdadeiro circo de horrores.
Sim, valeu a
pena, não foi perda de tempo, aprendi e ainda aprendo, e o mais legal,
compartilho com você esse conhecimento, sempre renovado, consciente e
comprometido com tal responsabilidade. Por isso, acho também que vale a pena você
ficar por aqui. Por quê? Porque aqui as palavras têm peso, não são como
fumarolas ao vento, você não é enganado e não tropeça em banalidades. Sua
inteligência não é espancada nem traída nem subtraída. Aqui não tem embromação,
a realidade é dissecada a sangue frio. Aqui você não é doutrinado por um
sacerdócio de ideologias metafísicas porque este espaço é consagrado à razão,
onde a irracionalidade é abatida em pleno voo pela artilharia da lógica. Aqui
você tem um corpo robusto de saber proveniente de fontes confiáveis, que premia
uma informação de conteúdo. Aqui, a reflexão é o motor e a discussão vai além
da superfície. Enfim, aqui você é tratado com respeito. Compare, reflita e
escolha o caminho. Se estiver em dúvida, pergunte ao gato de Alice.
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