A série que você está acompanhando e que
se aproxima do final foi inspirada no artigo "Visões coletivas são
possíveis?", assinado pelo amigo Dr. Ubirajara Rodrigues publicado na
revista Planeta Especial Ufologia n° 1, em 1986. Passadas três décadas, a
matéria não perdeu vitalidade, primeiro porque se baseia no experimento prático
da manifestação alucinatória, induzida e controlada, e segundo porque os
estudos nesse campo continuam sendo revisitados de forma sistemática, sempre
com revelações interessantes. Com Rodrigues, voltamos nossa atenção à análise
junguiana.
A observação, em grupo, de objetos ou cenas que não pertençam a uma realidade objetiva tem sido meramente teórica tanto para a Psicanálise como para a própria Parapsicologia. Fala-se muito em “alucinação coletiva”, sem se contar com incidentes que a justifiquem em termos práticos como, por exemplo, o avistamento de um disco voador numa só data. A alucinação é mais explicável como origem de um tipo de imagem ou objeto que, por fatores diversos, acaba por se tomar símbolo básico de um momento histórico ou social. Mais remota é sua utilização para justificar uma ocorrência determinada. Assim é que muitos indivíduos podem ter um tipo único de visão em épocas e lugares distintos.
Jung explorou e demonstrou com sérios
argumentos as informações arquetípicas do ser humano que provocam visões
mentais e se projetam num espaço subjetivo, com detalhes e características
idênticas, devido às tendências e impulsos atávicos que se vão firmando no
inconsciente dos povos. Alguns pesquisadores da área ufológica, além de não terem
entendido as proposições do grande psicanalista, vêm gritando contra a falta de
comprovação prática da alucinação coletiva como explicação para um caso concreto. Entretanto, esta comprovação torna-se cada vez
mais possível de ser realizada com um grupo.
Desde alguns anos, vimos tentando tais
experiências com boa margem de êxito; o teste, perfeitamente aplicável em
qualquer ambiente, consiste em se dirigir o foco de uma lâmpada infravermelha
sobre um indivíduo sentado frente a um grupo de pessoas que tentará registrar
toda e qualquer modificação nele
observada. Com a sala totalmente às
escuras, pede-se aos integrantes do
grupo para fixarem o olhar na pessoa que está iluminada pela luz infravermelha,
a uma distância de, no
mínimo 5 m. Após alguns minutos,
interrompe-se o teste e cada uma delas anotará todas as variações de imagens e
supostos movimentos que conseguiram notar.
É importante evitar ao máximo o
condicionamento dos observadores, eliminando, na medida do possível, a
influência pela sugestão. O experimentador nada fala durante o teste. Quando
checamos os dados registrados em folhas separadas, o índice de coincidências
marcantes chega a impressionar. Evidentemente, as impressões escritas são
exigidas para que as pessoas não se induzam umas às outras, imprimindo, assim,
um inegável cunho de autenticidade à experiência. Logicamente, os observadores
permanecerão de olhos abertos durante todo o teste, tentando assumir a chamada
“visão de 180º” e procurando abster-se ao máximo de mover os olhos, mesmo que isso
seja inevitável, uma vez que esses órgãos executam movimentos involuntários num ambiente sem
contrastes normais de luz. A fim de facilitar esse entendimento, o experimentador sugere antes uma
fixação do tipo “abstrato”, tal como nos comportamos quando estamos “distraídos”.
Não se pode explicar com segurança as razões da clara e
elevada porcentagem de coincidências que são registradas. É possível que ocorra
uma interação psíquica entre os observadores que, telepaticamente, formam em conjunto as
imagens básicas visualizadas na pessoa sentada.
Por outro lado, não se descarta a hipótese de essa mesma pessoa estar
projetando, inconscientemente, as
figuras de seu próprio estado
emocional, simbolizando aos
olhos dos que a observam tendências
de personalidade e situações importantes de sua vida atual ou pretérita. Nesse
caso, aceita-se que os observadores tiveram sua
clarividência despertada pelo teste.
Continua na próxima semana.
Abordagem clínica do fenômeno!
ResponderExcluir