Obras

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sábado, 11 de novembro de 2017


ALUCINAÇÃO: UM MUNDO EM PARALELO (IV)


A série que você está acompanhando e que se aproxima do final foi inspirada no artigo "Visões coletivas são possíveis?", assinado pelo amigo Dr. Ubirajara Rodrigues publicado na revista Planeta Especial Ufologia n° 1, em 1986. Passadas três décadas, a matéria não perdeu vitalidade, primeiro porque se baseia no experimento prático da manifestação alucinatória, induzida e controlada, e segundo porque os estudos nesse campo continuam sendo revisitados de forma sistemática, sempre com revelações interessantes. Com Rodrigues, voltamos nossa atenção à análise junguiana.

A observação, em grupo, de objetos ou cenas que não pertençam a uma realidade objetiva tem sido meramente teórica tanto para a Psicanálise como para a própria Parapsicologia. Fala-se muito em “alucinação coletiva”, sem se contar com incidentes que a justifiquem em termos práticos como, por exemplo, o avistamento de um disco voador numa só data. A alucinação é mais explicável como origem de um tipo de imagem ou objeto que, por fatores diversos, acaba por se tomar símbolo básico de um momento histórico ou social. Mais remota é sua utilização para justificar uma ocorrência determinada. Assim é que muitos indivíduos podem ter um tipo único de visão em épocas e lugares distintos.

Jung explorou e demonstrou com sérios argumentos as informações arquetípicas do ser humano que provocam visões mentais e se projetam num espaço subjetivo, com detalhes e características idênticas, devido às tendências e impulsos atávicos que se vão firmando no inconsciente dos povos. Alguns pesquisadores da área ufológica, além de não terem entendido as proposições do grande psicanalista, vêm gritando contra a falta de comprovação prática da alucinação coletiva como explicação para um caso concreto. Entretanto, esta comprovação torna-se cada vez mais possível de ser realizada com um grupo.

Desde alguns anos, vimos tentando tais experiências com boa margem de êxito; o teste, perfeitamente aplicável em qualquer ambiente, consiste em se dirigir o foco de uma lâmpada infravermelha sobre um indivíduo sentado frente a um grupo de pessoas que tentará registrar toda e qualquer modificação nele observada. Com a sala totalmente às escuras, pede-se aos integrantes do grupo para fixarem o olhar na pessoa que está iluminada pela luz infravermelha, a uma distância de, no mínimo 5 m. Após alguns minutos, interrompe-se o teste e cada uma delas anotará todas as variações de imagens e supostos movimentos que conseguiram notar.

É importante evitar ao máximo o condicionamento dos observadores, eliminando, na medida do possível, a influência pela sugestão. O experimentador nada fala durante o teste. Quando checamos os dados registrados em folhas separadas, o índice de coincidências marcantes chega a impressionar. Evidentemente, as impressões escritas são exigidas para que as pessoas não se induzam umas às outras, imprimindo, assim, um inegável cunho de autenticidade à experiência. Logicamente, os observadores permanecerão de olhos abertos durante todo o teste, tentando assumir a chamada “visão de 180º” e procurando abster-se ao máximo de mover os olhos, mesmo que isso seja inevitável, uma vez que esses órgãos executam movimentos involuntários num ambiente sem contrastes normais de luz. A fim de facilitar esse entendimento, o experimentador sugere antes uma fixação do tipo “abstrato”, tal como nos comportamos quando estamos “distraídos”.

Não se pode explicar com segurança as razões da clara e elevada porcentagem de coincidências que são registradas. É possível que ocorra uma interação psíquica entre os observadores que, telepaticamente, formam em conjunto as imagens básicas visualizadas na pessoa sentada. Por outro lado, não se descarta a hipótese de essa mesma pessoa estar projetando, inconscientemente, as figuras de seu próprio estado emocional, simbolizando aos olhos dos que a observam tendências de personalidade e situações importantes de sua vida atual ou pretérita. Nesse caso, aceita-se que os observadores tiveram sua clarividência despertada pelo teste.

Continua na próxima semana.


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