Não, a pergunta não está errada, é um arranjo: Você está quando? Novamente me inspiro na excelente
série Westworld devido à complexidade da trama, tecida pelos
fios das ciências sociais e da psicologia do comportamento. O humano em
xeque. Você está quando? é uma variação da pergunta da
personagem que perde a noção de qual tempo está vivendo
- Eu estou quando? Uma indagação instigante. A narrativa não
transcorre num tempo único linear, mas em várias timelines simultâneas e entrelaçadas. Para ilustrar, imagine-se percorrendo um
labirinto de espelhos onde cada imagem sua refletida o coloca em tempos
existenciais diferentes! Múltiplos "você" num só lugar ao mesmo
tempo, mas em épocas distintas. É nesse enredamento espaço-temporal que Westworld desenvolve
sua história. É por onde vamos caminhar agora.
Eu sei que
você responderá que vive no seu tempo, ligado nos acontecimentos, no jogo
político, na agitação urbana e mundial, etc., mas não é disso que estou
falando. O ponto é outro. Todos nós vivemos em duas linhas do tempo: a do corpo físico, do cotidiano, do trabalho, do
lazer, do relógio, enfim... e a outra, a mental, aquela que orienta a
escolha dos valores, que indica as ações nas quais acreditamos, o sentido das
crenças, a visão de mundo e muito mais. É essa que me interessa.
Já vai
longe o tempo das fadas, magos e bruxas; astrólogos, cartomantes,
profetas, gurus e oráculos são tão anacrônicos quanto lobisomem,
sereias, sílfides, faunos, anhos, zumbis e vampiros, uma constelação de personagens
que ou pertencem ao folclore ou inspiram o cinema, assim como alienígenas,
monstros e super-heróis são um rico filão para a ficção científica. Cristais e
pirâmides viraram objetos de decoração; superstições, simpatias, rezas e
mandingas alimentam crédulos, inseguros, carentes e a próspera indústria de quinquilharias e penduricalhos.
Não guarde sementes de romã na carteira, elas secam e não atraem dinheiro algum. Trabalhar e poupar são mais eficazes. Não se pode mais correr atrás de utopias e plantar delírios; não reze para seu filho ir bem nas provas - faça-o estudar! Não espere que os deuses acabem com os problemas do mundo - quem os criou que os resolva. É triste constatar que tanta gente esclarecida ainda caia nessa esparrela de inferno astral, comunicação com espíritos, anjos da guarda, energias cósmicas e todas essas coias que habitam a esfera do pensamento mágico. Deixe os devaneios para artistas, escritores e poetas.
Não guarde sementes de romã na carteira, elas secam e não atraem dinheiro algum. Trabalhar e poupar são mais eficazes. Não se pode mais correr atrás de utopias e plantar delírios; não reze para seu filho ir bem nas provas - faça-o estudar! Não espere que os deuses acabem com os problemas do mundo - quem os criou que os resolva. É triste constatar que tanta gente esclarecida ainda caia nessa esparrela de inferno astral, comunicação com espíritos, anjos da guarda, energias cósmicas e todas essas coias que habitam a esfera do pensamento mágico. Deixe os devaneios para artistas, escritores e poetas.
Crendices,
fantasmas e presságios povoaram a vida dos nossos avós - dos nossos avós, mas
o tempo agora é outro. O saber e a informação estão disponíveis em todos
os lugares a qualquer hora, um clique e o mundo é todo seu. A
ciência derruba preconceitos, desvenda mistérios, vai à raiz em busca de
conhecimento para entregá-lo em bandeja de prata a você. Não há mais lugar para
a ignorância, o retrocesso e o obscurantismo. Não se pode mais viver fechado em
cárceres mentais alienantes. O real que bate à nossa porta o faz com a
força de um furacão, mas não enfrentá-lo e esconder-se atrás de entidades
abstratas é sinal claro de frouxidão e imaturidade. Crianças podem não querer crescer
mas adultos precisam crescer. Os sonhos de infância dormem
aconchegados num recanto da memória e da história, e lá devem ficar.
Refugiar-se no passado é negar o agora, é encontrar-se em perpétuo deslocamento, fora do tempo - acronia, portanto, entrevado no marco zero da existência - atopia. Pendurar-se nos fios imaginários de uma dimensão supra-real é expor, a um só tempo fraqueza estrutural, insegurança psíquica, embotamento da análise crítica, miopia intelectiva, heteronomia, resignação, desorientação, covardia e apequenamento do espírito. Não é essa a essência genuína do Ser, mas é a do sujeito - aquele que se sujeita, se curva, ajoelha, obedece, conforma.
Refugiar-se no passado é negar o agora, é encontrar-se em perpétuo deslocamento, fora do tempo - acronia, portanto, entrevado no marco zero da existência - atopia. Pendurar-se nos fios imaginários de uma dimensão supra-real é expor, a um só tempo fraqueza estrutural, insegurança psíquica, embotamento da análise crítica, miopia intelectiva, heteronomia, resignação, desorientação, covardia e apequenamento do espírito. Não é essa a essência genuína do Ser, mas é a do sujeito - aquele que se sujeita, se curva, ajoelha, obedece, conforma.
Não pense antiquado, não viva conceitos ultrapassados, não se desconecte com a autêntica experiência de viver o presente. Quem caminha por mundos paralelos - o real e o imaginário, o concreto e o fictício - não caminha por nenhum, não sai do lugar. Quem não se projeta no mundo real se perde nos ventos de um mundo inexistente. Agora que você entendeu tudo, a pergunta é mais direta: O tempo mental no qual você vive está no compasso do mundo à sua frente? Acho que deu para perceber que por trás dessa pergunta e nas entrelinhas do texto há um convite à reflexão. Você está quando?
"Crendices, fantasmas e presságios povoaram a vida dos nossos avós - dos nossos avós, mas o tempo agora é outro. O saber e a informação estão disponíveis em todos os lugares a qualquer hora, um clique e o mundo é todo seu. A ciência derruba preconceitos, desvenda mistérios, vai à raiz em busca de conhecimento para entregá-lo em bandeja de prata a você. Não há mais lugar para a ignorância, o retrocesso e o obscurantismo. Não se pode mais viver fechado em cárceres mentais alienantes. O real que bate à nossa porta o faz com a força de um furacão, mas não enfrentá-lo e esconder-se atrás de entidades abstratas é sinal claro de frouxidão e imaturidade. Crianças podem não querer crescer mas adultos precisam crescer. Os sonhos de infância dormem aconchegados num recanto da memória e da história, e lá devem ficar".
ResponderExcluirEsplêndido!
Ótimo
ResponderExcluir