Obras

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sábado, 3 de setembro de 2016

A hermenêutica desconstrói. O saber reconstrói



Como dito na postagem anterior, uma vez tomada a decisão irreversível de trilhar novos caminhos com um panorama bem mais largo, iniciei a década de 1990 bebendo em outras fontes. As pesquisas de campo e as contendas interpessoais foram para o escaninho do passado, oferecendo farto material de estudo. Tirei um período sabático para me livrar do ranço e da pasmaceira que impregnavam a atmosfera.

Foi um recomeço altamente produtivo e de sólidas perspectivas. O espectro do estudo cresceu de modo geométrico, gerando uma avalanche de conhecimento. Um elenco de notáveis pensadores surge de todos os lados. Livros, aulas, conferências, artigos, ensaios, nada escapa ao radar panóptico permanentemente ligado. Com boa experiência prática e um novo arsenal de informação, só faltava dar forma ao conteúdo. Não falta mais, aí estão as obras que se anunciam neste blog.

Diante desse novo quadro, não foi difícil constatar que o fenômeno só poderia ser melhor avaliado se "fatiado", atomizado, desconstruído, para observar seus elementos separadamente. Que ligação teriam entre si - se é que teriam - e como poderiam operar em conjunto - se é que poderiam. Não podem. É como um quebra-cabeça de peças distintas não conectáveis. É a hermenêutica que leva nossa razão a desvestir os trapos rotos da 'velha' ufologia. Mas só ela não basta, é necessário fazer também o caminho inverso.

O passo seguinte foi recompor a dinâmica do fenômeno a partir dos saberes até então adquiridos. Tarefa complexa e delicada,  porém de prazer incomparável. O que surge é uma estrutura de base segura, de elementos sinérgicos e conexões fortes, e, mais importante, com centro de gravidade firme. Não tem como desmoronar. Trata-se de um corpo sólido de argumentos que dá outra configuração ao estudo. São questões polares - o disco passa de protagonista a coadjuvante, troca de lugar com o sujeito, ou. Dá-se uma guinada de 180° no foco da discussão, vai-se da água ao vinho - do insípido ao inebriante.

Toda essa mudança ensejou uma nova caminhada. Se alguém vem nessa mesma estrada, não aparece no retrovisor. Tenho ânimo para uma longa jornada, sigo a rota traçada que indica ser esse o caminho. Não tenho pressa de chegar seja lá onde for,. Como dizia Sêneca, não há vento a favor para quem não sabe a que porto chegar. Quem não segue essa máxima terá um grande problema pela frente, plural e hiperbólico. Onde está o problema?

O problema está na volatilidade das relações, na vulnerabilidade das palavras, na mediocridade das ações, na extinção das fronteiras, na irresponsabilidade do indivíduo, na voracidade e ferocidade do mundo, na transitoriedade dos valores, na precariedade do cogito, na falta de ética, na ausência de reflexão. Na liquidez do mundo, enfim. Para quem ainda não entendeu a coisa, sugiro olhar pela janela ou dar uma voltinha na praça.

Penso que você compreendeu que mudar foi um imperativo categórico, uma questão de atitude. A Ufologia do século passado, essa que acontece por aí, não faz mais sentido, caducou, não traz nenhum saber sobre o que supõe estudar. Em contrapartida, veja só, escancara as portas para conhecermos justamente o que mais ignora o tempo todo - o ser humano. As lições estão aí para quem quiser aprender. Os livros estão aí para quem souber ler. A boa dicção está aí para quem tem bons ouvidos.


Um comentário:

  1. "O problema está na volatilidade das relações, na vulnerabilidade das palavras, na mediocridade das ações, na extinção das fronteiras, na irresponsabilidade do indivíduo, na voracidade e ferocidade do mundo, na transitoriedade dos valores, na precariedade do cogito, na falta de ética, na ausência de reflexão. Na liquidez do mundo, enfim. Para quem ainda não entendeu a coisa, sugiro olhar pela janela ou dar uma voltinha na praça.

    "A Ufologia do século passado, essa que acontece por aí, não faz mais sentido, caducou, não traz nenhum saber sobre o que supõe estudar. Em contrapartida, veja só, escancara as portas para conhecermos justamente o que mais ignora o tempo todo - o ser humano. As lições estão aí para quem quiser aprender. Os livros estão aí para quem souber ler. A boa dicção está aí para quem tem bons ouvidos".

    Outra saborosa surra retórica nos praticantes da velha e superada ufologia! Abraço.

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