Obras

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sábado, 1 de outubro de 2016


  Compare, reflita, escolha: fantasia ou realidade

Na noite de lançamento de Naus, um amigo que não via há muito apareceu por lá, mais pela amizade que pelo interesse no tema. A certa hora, ele me perguntou se valeu a pena dedicar tantos anos a um assunto que agora eu 'não acreditava' mais: - Não foi perda de tempo? Dúvida natural, a amizade é relativamente recente e o que ele sabe do assunto vem da imprensa, ou seja, nada. Me pergunto se outros não querem fazer o mesmo questionamento.

No final dos anos 70 realmente senti vontade de parar com o estudo; havia poucos eventos e poucos amigos que pudessem conversar seriamente. O assunto sempre foi motivo de piada, deboche, escárnio, uma situação incômoda e constrangedora. Me afastei por alguns meses até que um congresso em São Paulo me animou e me trouxe de volta à cena. Fiz novos amigos, a coisa engrenou e decidi assumir o desafio de pesquisar com seriedade e acabar com as chacotas, exercendo e aprimorando o espírito crítico.

No início dos anos 90, com mais rodagem e por isso mesmo mais decepcionado, resolvi me afastar em definitivo das pesquisas de campo. Passei a observar à distância o canto da sereia e percebi que poderia prosseguir desde que mudasse meu foco e tomasse outra direção, que aliás já vinha mesmo se desenhando. A partir daí você conhece a história. Quanto a "não acreditar no assunto", a questão foi mal formulada, mas entendi o sentido: "assunto" queria dizer "disco voador".

Então, vem comigo.

Não se trata de acreditar ou não acreditar, mas de saber o que pesquisar e como. Em si mesma a Ufologia não tem nada para ser estudado - nada! - daí parte da minha decepção. Pegando um chiste bem popular, "se murar vira hospício, se cobrir vira circo", e realmente, se não tomar certas precauções, o risco de insanidade é alto e prognostica um potencial estado demencial. Há tempos adjetivamos a ufologia como a nau dos insensatos, um manicômio a céu aberto. Uma nação de patetas.

Entenda, de uma vez por todas: Ufologia não é matéria de nada, não é ciência, não é doutrina, não é religião, não é seita, é um sofisma barato que ainda funciona, fazedo dela o que lhes convém fazer em proveito próprio. Um hobby, passatempo de fim de semana, papo de boteco, embora alguns aufiram lucros de modo um tanto suspeito. Por extensão, ufólogo também não é profissão, não está na academia, mão tem sindicato, carteirinha ou diploma e não paga imposto; mesmo não tendo o objeto da pesquisa, está tão viciado e tão empostado pelo habitus do 'ofício' que já nem sabe mais o que está fazendo lá, sem se constranger nem enrubescer com a exposição pública de sua mais absoluta inutilidade. Mas, se não atuar nesse palco, continuará um obscuro professor, um reles bancário, um funcionário público mediano e descartável. Em outras palavras, ele precisa que alguém chancele seu 'status' de ufólogo como atestado sua existência social.

Fato é que a Ufologia não passa de um festival de absurdos, um mercado persa de relatos delirantes, uma mixórdia de teorias fantasiosas, ideias esdrúxulas e devaneios, sem contar as sandices, as paranoias, as cretinices, a psicopatia, o charlatanismo e a pajelança. Um verdadeiro circo de horrores.

Sim, valeu a pena, não foi perda de tempo, aprendi e ainda aprendo, e o mais legal, compartilho com você esse conhecimento, sempre renovado, consciente e comprometido com tal responsabilidade. Por isso, acho também que vale a pena você ficar por aqui. Por quê? Porque aqui as palavras têm peso, não são como fumarolas ao vento, você não é enganado e não tropeça em banalidades. Sua inteligência não é espancada nem traída nem subtraída. Aqui não tem embromação, a realidade é dissecada a sangue frio. Aqui você não é doutrinado por um sacerdócio de ideologias metafísicas porque este espaço é consagrado à razão, onde a irracionalidade é abatida em pleno voo pela artilharia da lógica. Aqui você tem um corpo robusto de saber proveniente de fontes confiáveis, que premia uma informação de conteúdo. Aqui, a reflexão é o motor e a discussão vai além da superfície. Enfim, aqui você é tratado com respeito. Compare, reflita e escolha o caminho. Se estiver em dúvida, pergunte ao gato de Alice. 


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