Trauma original. Mito fundador da
narrativa ficcional. Essa frase, desde a
penúltima parte da série sobre vida no universo, me fez pensar por vários dias.
Pode não representar muito para você, pode soar banal, mas é a pedra lapidada de um
estudo que atravessa três décadas. Para ser justo e exato, tudo começou lá
pelo final dos anos 1980, quando trocava ideias com o colega e amigo Ubirajara
Rodrigues. Em dado momento, ele mencionou algo que foi imediatamente capturada
por mim, mas aquietado sem que voltássemos ao assunto: "A premissa maior é a
comprovação de vida inteligente no universo". Sei que hoje isso é óbvio
demais, mas no contexto da época e daquele momento em particular, posterguei o estudo da questão, muito embora, e isso também é verdade, eu já começava a
apontar o nariz para outra direção - mitologia -, onde as estruturas narrativas
com a ufologia pareciam se encontrar, e onde a origem da vida - mitos de
criação - era um dos tópicos. Criação, origem, início de tudo, vida no
universo. Tudo se encaixa.
Vida inteligente abundante no universo,
civilizações que nos visitam e nos guardam. Como tais não
existem, e não mesmo, irrompe o imaginário, e a peça de ficção
segue o roteiro clássico dos "irmãos cósmicos protetores", e o
teatro ufológico se organiza com cenário, figurino, atores, figurantes, bilheteria,
plateia e adereços característicos da tragicomédia pastelão. Quando desconstruímos
esse mito e lançamos as bases para uma reflexão sobre a mitopoética, sabíamos, de algum modo, que a nau das ilusões não tardaria a zarpar. O mito fundador aí está, a
narrativa ficcional aí está, as causas e as implicações aí estão. A solidão e o silêncio acompanharão essa barca em
sua longa travessia levando a bordo a palavra de Baudelaire:
As ilusões talvez sejam em tão grande número quanto as relações dos homens entre si e entre as coisas. E, quando a ilusão desaparece, quando vemos o ser ou o fato tal como existe fora de nós, experimentamos um sentimento bizarro, metade dele complicada pela lágrima da fantasia desaparecida, metade pela surpresa agradável diante da novidade, diante do fato real.
Nestes últimos quatro anos você me acompanha nessa cruzada (da qual nem os amigos são poupados de umas espetadas), sabe o
que penso, sabe como me posiciono e sabe porque escrevo o que escrevo do jeito que escrevo. Não sei
e não tenho como saber o quanto meus textos influenciam suas reflexões,
nem se influenciam ou se têm algum efeito posterior. Não importa como você me lê, importa o que faz com a leitura que faz. Então, tomo como meu o conselho de Dante: "Abre
tua mente ao que te revelo e retém bem o que te digo, porque não é ciência
ouvir sem guardar o que se escuta". Não esqueça que cada postagem não acaba nela
mesma, nem peça de quebra-cabeças nem folha morta, são como pratos cheios do alimento prometeico - o fogo dos deuses, o conhecimento histórico e filosófico trazido da fonte mais pura.
Ufotopia, a utopia dos Ufos, a fantasia, a fábula, a farsa, a falácia, autêntica Quimera - a criatura mítica híbrida medonha que devora a consciência dos homens.
Não entre nessa fossa lúgubre guardada por gárgulas, homúnculos e faunos, uma
vez lá só se encontra a saída com muita vigilância, dedicação e coragem. Lembra
disso? Tenho feito o possível - quase sempre esbravejando - para evitar que você caia nos braços pegajosos dessa coisa nefasta e decrépita e tentáculos traiçoeiros das crendices paridas do pensamento mágico inoculado pelas letras do realismo fantástico, ou maravilhoso, insólito, extranatural, suprarrenal, das manifestações meta-empíricas¹.
Essa escola literária surgiu nas primeiras décadas do século passado, ganhando força no final dos anos 1950 na América hispânica, mas principalmente na América Latina, juntamente com as novelas de ficção científica e, não por coincidência, o surgimento dos movimentos milenaristas, do messianismo e da filosofia oriental, da cultura do "transcendental", do esoterismo e da New Age numa miscelânea esdrúxula Não vou entrar no quadro histórico do pano de fundo, nos ensaios psicológicos, simbolismos e metáforas nem na massa autoral, que ficam para outro momento.
Ambas as correntes literárias - ficção científica e realismo mágico - unem o mundo fantástico do imaginário ao real do cotidiano em um contexto de verossimilhança: O incomum, o absurdo e o non sense - levitação, entes sobrenaturais, dragões, animais falantes, viagens no espaço-tempo, batalhas interestelares, encontros com civilizações galácticas e todo um repertório de inegáveis representações sócio-culturais que incluem feitiços, milagres, bruxarias, superstições e magia. Acho que você notou parentesco com o universo ufológico.
Essa escola literária surgiu nas primeiras décadas do século passado, ganhando força no final dos anos 1950 na América hispânica, mas principalmente na América Latina, juntamente com as novelas de ficção científica e, não por coincidência, o surgimento dos movimentos milenaristas, do messianismo e da filosofia oriental, da cultura do "transcendental", do esoterismo e da New Age numa miscelânea esdrúxula Não vou entrar no quadro histórico do pano de fundo, nos ensaios psicológicos, simbolismos e metáforas nem na massa autoral, que ficam para outro momento.
Ambas as correntes literárias - ficção científica e realismo mágico - unem o mundo fantástico do imaginário ao real do cotidiano em um contexto de verossimilhança: O incomum, o absurdo e o non sense - levitação, entes sobrenaturais, dragões, animais falantes, viagens no espaço-tempo, batalhas interestelares, encontros com civilizações galácticas e todo um repertório de inegáveis representações sócio-culturais que incluem feitiços, milagres, bruxarias, superstições e magia. Acho que você notou parentesco com o universo ufológico.
Não se deixe mais enganar com tanta bobagem disseminada
mundo afora por um bando de incompetentes, nem
com a mídia popularesca e a internet infestadas de material embusteiro sobre
Óvnis e extraterrestres, perpetrado por gente com elevado déficit
cognitivo e intelecto empobrecido. Apesar do que diz Santo Agostinho, "Não sacia a fome quem
lambe pão pintado", os caçadores de homenzinhos verdes persistem em
sua vã perseguição, assim como aqueles que se ajoelham endeusando caricaturas grotescas de 'mestres', 'líderes', 'professores' e 'gurus', de caráter duvidoso, ególatras, raciocínio de batráquio e cultura de mula, vítimas e personagens decadentes de seu próprio analfabetismo espiritual. Dessa gente eu tenho visceral repugnância e do resto, pena.
É vista como impostura intelectual quando a estupidez (ou desonestidade, ou ambas) vem investida de uma suposta legitimidade conferida por uma pretensa autoridade, e crime de lesa-consciência* quando tal autoridade é notório farsante ou apresenta reais sintomas de psicopatia. Por isso, cuide da sua inteligência e sanidade ficando por aqui, onde estará sempre em companhia dos melhores autores, pensadores e eruditos que enriquecem nosso saber. Fuja do pensamento mágico, do realismo fantástico e outras feitiçarias que não levam a lugar algum, retardam o crescimento e emparedam o intelecto. Fique a bordo desta minha barca para não se afogar nas águas da burrice que aumentam a cada dia (é fato comprovado, está crescendo mesmo!).
* Expressão minha, a meu ver bem adequada.
É vista como impostura intelectual quando a estupidez (ou desonestidade, ou ambas) vem investida de uma suposta legitimidade conferida por uma pretensa autoridade, e crime de lesa-consciência* quando tal autoridade é notório farsante ou apresenta reais sintomas de psicopatia. Por isso, cuide da sua inteligência e sanidade ficando por aqui, onde estará sempre em companhia dos melhores autores, pensadores e eruditos que enriquecem nosso saber. Fuja do pensamento mágico, do realismo fantástico e outras feitiçarias que não levam a lugar algum, retardam o crescimento e emparedam o intelecto. Fique a bordo desta minha barca para não se afogar nas águas da burrice que aumentam a cada dia (é fato comprovado, está crescendo mesmo!).
* Expressão minha, a meu ver bem adequada.
____________
¹ FURTADO, F. A Construção do Fantástico na Narrativa. Lisboa, 1980.
TODOROV, T. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo. 2008.
"Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos". Nelson Rodrigues.
ResponderExcluir"Três grandes forças regem o mundo: estupidez, ganância e medo". Warren Buffet.
Ah, as quimeras que temos que enfrentar vida afora... Algumas tão reais e tão ameaçadoras que batem à nossa porta de tempos em tempos, a jorrar suas ideias goela abaixo dos incautos, aqueles sem identidade própria e cuja maioria permanece ávida por pertencer a uma tribo que os receba de braços abertos, desde que mantenham a mente vazia para ser preenchida com velhas ideologias, embora recém repaginadas.
ResponderExcluirEu, ovelha negra que sou, nunca consegui me embebedar por tão pouco, haja vista a fonte que jorra suas negras ideias já ter envenenado a tantos... Quisera apenas ser Belerofonte para matar de vez essa besta que continua revivendo seu ciclo eterno de desgraças para uma humanidade que não se cansa de repetir os erros cometidos no passado... Quando iremos, afinal, olhar com seriedade para este planeta, para nosso país, cuidando para que a vida, aqui, seja melhor e mais promissora?